Cada vez mais, estudos científicos são realizados a respeito das propriedades da cannabis medicinal, colocando a planta e seus derivados no centro de discussões entre especialistas sobre suas aplicações terapêuticas.
São inegáveis os avanços alcançados nos últimos anos. Atualmente, a ciência já fornece dados concretos que possibilitam a aplicação da cannabis para diversas doenças, como a epilepsia, por exemplo.
Por outro lado, a utilização da planta ou de seus derivados ainda enfrenta resistência da população em geral e até mesmo de médicos. Parte destas barreiras se deve ao crescente número de estudos ainda em andamento ou que necessitam de pesquisas mais abrangentes, a depender da aplicação terapêutica de interesse.
Mas, sem dúvidas, uma das grandes responsáveis pela dificuldade de aceitação ainda é a desinformação. Alegações sobre a falta de evidências científicas não são mais tangíveis frente ao número de estudos que surgem a todo o momento. Neste conteúdo, abordaremos questões pertinentes quanto à necessidade de acesso e divulgação de informações confiáveis a respeito dos benefícios da medicina canabinoide.
Panorama científico da cannabis
Para ilustrar de forma concreta os avanços realizados, em uma rápida busca no PubMed sobre a quantidade de estudos indexados na plataforma sobre a cannabis no âmbito de saúde, pode-se observar que entre os anos 1840 a 1970 haviam apenas 830 estudos.
Entretanto, só no início de 2023 foram indexados 559 estudos com a temática. Agrupando os dados entre os anos de 1840 a 2023, já foram indexados mais de 44 mil estudos sobre a cannabis!
Isso nos mostra um pouco do panorama de conhecimento gerado nas últimas décadas e evidencia o interesse científico em entender as atividades modulatórias do sistema endocanabinóide no corpo humano [1].
Importância da disseminação do conhecimento
Apesar dos robustos resultados científicos, a pergunta que fica é a seguinte: Como repassar essas informações para a população? Como disseminar e transformar o conhecimento sobre a medicina canabinoide acessível a qualquer pessoa?
Parte destas questões foi alvo de um estudo australiano que visou avaliar os recursos informativos de pacientes com câncer e suas respectivas famílias sobre o uso de cannabis como terapia. Na pesquisa, a maioria dos consumidores indicou que obteve conhecimento por meio de programas de televisão, jornais e em sites não especializados [2].
Perceba que muitos desses canais de comunicação não são especializados e podem levar à desinformação, algo inclusive relatado no estudo em que os pacientes acreditavam que a cannabis poderia ser utilizada para fins aos quais não possuía evidências de eficácia [2].
Fontes de informação sobre a cannabis
A necessidade de ter boas fontes de informação sobre cannabis não vai somente de encontro à disseminação de informações falsas e enganosas, mas também visa esclarecer o público sobre a real utilidade da planta.
É preciso ter a consciência de que, mais importante do que combater conteúdo de má qualidade, é necessário divulgar informações relevantes que esclarecem a população acerca dos benefícios e avanços na área. As aplicações neurológicas da cannabis e seus derivados são exemplos de conteúdos a serem divulgados com ênfase.
A utilização da cannabis no tratamento da esclerose múltipla, por exemplo, parece bastante promissora. Estudos indicam que o Nabiximol, um medicamento a base de THC e CBD que possui aprovação em muitos países para tratamento da dor neuropática, tem se mostrado uma boa alternativa para redução de sintomas relacionados à esclerose múltipla [3].
Das doenças neurológicas, a que mais se avançou na utilidade da medicina canabinoide como alternativa terapêutica, é a epilepsia. De acordo com o um estudo de revisão, o medicamento a base de CBD (Epidiolex) é eficaz para tratar síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut, além de todas as formas de epilepsia infantil associadas a convulsões graves e não responsivas aos tratamentos convencionais [4].
O papel do médico na disseminação de informações sobre cannabis
Se a falta de conhecimento e o excesso de conteúdos sem embasamento científico disponíveis na internet são uma das principais barreiras a serem superadas, como garantir acesso à informação de qualidade para a população?
Em um recente estudo realizado nos EUA, pesquisadores investigaram quais as principais fontes de informação sobre cannabis utilizadas por pacientes portadores de esclerose múltipla [5].
Neste estudo, os participantes foram convidados a autorrelatar para o Comitê de Pesquisa da América do Norte sobre esclerose múltipla alguns questionamentos como quais as fontes de orientação médica sobre cannabis, se eles discutiam, ou não com o médico ou se sentiam à vontade de falar sobre o assunto [5].
O estudo revelou que 38% dos participantes adquiriam informações provindas de funcionários de dispensários, 32% de amigos e apenas 15% por meio de profissionais da área de saúde [5].
Quando questionados se discutiam ou não com o médico sobre o uso da cannabis para tratar esclerose múltipla, 70% responderam que sim. No entanto, pouco mais da metade (56%) relatou ficar à vontade em discutir a temática com o médico. Alguns pacientes relataram desconforto em discutir o assunto por acreditar que o médico não aprovaria o uso da substância [5].
É impactante que o principal meio de informação sobre o assunto, segundo a pesquisa, não seja o médico. Isso reforça a importância de conscientizar e capacitar profissionais médicos sobre os avanços na medicina canabinoide.
O médico deve ser uma fonte segura e confiável de informações e deve ter acesso e estar atualizado com relação aos avanços científicos da área. Somente assim, será possível combater a desinformação e transformar ainda mais a medicina canabinoide em uma realidade terapêutica.
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Referências:
[1] Maule WJ. Medical uses of marijuana (Cannabis sativa): fact or fallacy? Br J Biomed Sci 2015; 72: 85–91. doi:10.1080/09674845.2015.11666802
[2] Philip J, Panozzo S, Collins A, et al. Fact versus fiction: bridging contrasting medicinal cannabis information needs. Intern Med J 2021; 51: 975–979. doi:10.1111/imj.15361
[3] Cristino L, Bisogno T, Di Marzo V. Cannabinoids and the expanded endocannabinoid system in neurological disorders. Nat Rev Neurol 2020; 16: 9–29. doi:10.1038/s41582-019-0284-z
[4] Britch SC, Babalonis S, Walsh SL. Cannabidiol: pharmacology and therapeutic targets. Psychopharmacology (Berl) 2021; 238: 9–28. doi:10.1007/s00213-020-05712-8
[5] Salter A, Cutter G, Marrie RA, et al. Sources of Cannabis Information and Medical Guidance for Neurologic Use. Neurol Clin Pract 2022; 12: 102–112. doi:10.1212/CPJ.0000000000001155