O canabidiol possui atuação como imunossupressor e anti-inflamatório. Saiba mais sobre o seu papel no sistema imunológico.
A imunidade é mantida através de diversos tipos celulares que agem em conjunto para fornecer proteção contra invasores e, simultaneamente, evitar reações contra autoimunes.
Assim, uma resposta imune adequada requer um equilíbrio regulado entre reações robustas contra microrganismos invasores, mas limitadas contra o próprio organismo.
Os efeitos do canabidiol (CBD) nas respostas imunes podem envolver respostas inatas ou adaptativas, conseguindo ser anti-inflamatório e imunossupressor. Tais efeitos são resultados de mecanismos que envolvem supressão direta da ativação de vários tipos de células imunes, indução de apoptose e promoção de células reguladoras.
Efeitos do CBD e mecanismos de supressão imunológica
Um dos primeiros efeitos relatados com o CBD foi relacionado a células mononucleares humanas, nas quais fatores pró-inflamatórios como TNF-α, IFN-γ e IL-1α foram todos suprimidos (0,01–20 μg/mL CBD) [1, 2]. Estudos posteriores focados em células monocíticas humanas revelaram que o CBD foi capaz de induzir apoptose (1–8 μg/mL CBD) [3, 4, 5].
No entanto, a área em que a maioria dos efeitos do CBD no sistema imunológico foi relatada está relacionada a estudos com células T. Nestes trabalhos, evidências adicionais sugerem que o IFN-γ produzido pelas células T é um alvo crítico da supressão do CBD [6].
Assim, a capacidade do CBD de comprometer várias citocinas pró-inflamatórias no momento da sensibilização do antígeno pode sugerir que o mesmo afeta a ativação primária das células T, conforme sugerido como parte do mecanismo para outros canabinoides, como o THC [7].
No geral, os dados revelam que uma parte importante da ação do CBD no sistema imunológico é sua capacidade de afetar o IFN-γ de várias maneiras. O CBD consegue suprimir diretamente a produção de IFN-γ por meio de um mecanismo de transcrição, assim como suprimir a expressão do receptor de IFN-γ e aumentar genes induzidos por este, que subsequentemente atenuam outros alvos imunológicos [8].
A “IL- 17″ também foi identificada como uma via crítica suprimida pelo CBD em células T in vitro [9]. De fato, o CBD (1–20 μg/mL) suprimiu a produção de IL-17A em células T CD3+ humanas derivadas de pacientes saudáveis ou pacientes com tumores de células germinativas [10]. Em conjunto, estes dados apontam que a ação do CBD na inflamação e na função imunológica envolve a supressão da produção de citocinas em células imunes.
CBD e apoptose
Embora bem estudada em linhagens celulares de câncer e tecido tumoral primário, a apoptose mediada pelo CBD também contribui para o mecanismo de supressão imunológica.
Em estudos de acompanhamento em monócitos humanos, o CBD (1–16 μM) induziu a apoptose, mas tal efeito foi perdido em monócitos que foram pré-cultivados por 72 h. Essa a responsividade diferencial ao CBD parece ser devido a um aumento na capacidade antioxidante das células cultivadas [9].
Cientistas sugerem que esses efeitos apoptóticos ocorram devido a uma cascata de eventos intracelulares, incluindo a abertura do poro de transição da permeabilidade mitocondrial, despolarização do potencial da membrana mitocondrial, oxidação de lipídios de membrana (na mitocôndria) e geração de espécies reativas de oxigênio.
Efeitos Imunológicos e inflamatórios: lacunas a serem superadas
Além da necessidade de mais dados sobre dosagem e farmacocinética do CBD, os efeitos imunológicos e inflamatórios encontrados nestes estudos revelaram lacunas de dados que devem ser abordadas em pesquisas futuras.
A identificação do receptor pelo qual o CBD atua no sistema imunológico permanece uma questão ainda a ser investigada. Além disso, é importante descobrir em quais células os mesmos estão sendo expressos. Ainda não se sabe também se a ação do CBD gera metabólitos canabinoides que poderiam se ligar em receptores para mediar alguns dos efeitos imunossupressores ou anti-inflamatórios encontrados.
Aumentar nossa compreensão dos efeitos do CBD em resposta a uma variedade de estímulos e graus de estimulação imunológica ajudará na interpretação dos efeitos do CBD em humanos e outras espécies endogâmicas naturalmente expostas a uma variedade de patógenos.
Dessa forma, é fundamental aumentar estudos sobre os efeitos do CBD nas respostas imunes humanas e na área veterinária. Estes incluem estudos clínicos bem controlados considerando as diferenças com as vias de administração, dose e farmacocinética.
Apesar da necessidade de avanço científico, é notável o potencial do CBD e da cannabis medicinal na modulação imune e inflamatória. A Biocase assume o compromisso de trazer informações atualizadas, baseadas em ciência e com fontes confiáveis, tudo isso para garantir que você se mantenha sempre informado e atualizado sobre as novidades científicas da cannabis medicinal.
Com uma equipe formada por especialistas de alto nível, a Biocase é pioneira na divulgação da medicina à base do óleo CBD de altíssima qualidade no Brasil. Nossa missão é a de fornecer soluções para patologias de difícil controle a partir de recursos orgânicos, sem aditivos e livres de componentes psicoativos desnecessários.
Referência:
[1] Watzl B, Scuderi P, Watson RR. Marijuana components stimulate human peripheral blood mononuclear cell secretion of interferon-gamma and suppress interleukin-1 alpha in vitro. Int J Immunopharmacol. 1991; 13:1091–1097
[2] Watzl B, Scuderi P, Watson RR. Influence of marijuana components (THC and CBD) on human mononuclear cell cytokine secretion in vitro. Adv Exp Med Biol. 1991; 288:63–70.
[3] Gallily R, Even-Chena T, Katzavian G, et al. Gamma-irradiation enhances apoptosis induced by cannabidiol, a non-psychotropic cannabinoid, in cultured HL-60 myeloblastic leukemia cells. Leuk Lymphoma. 2003; 44:1767–1773.
[4] Wu HY, Chang AC, Wang CC, et al. Cannabidiol induced a contrasting pro-apoptotic effect between freshly isolated and precultured human monocytes. Toxicol Appl Pharmacol. 2010; 246:141–147
[5] Wu HY, Huang CH, Lin YH, et al. Cannabidiol induced apoptosis in human monocytes through mitochondrial permeability transition pore-mediated ROS production. Free Radic Biol Med. 2018; 124:311–318.
[6] Malfait AM, Gallily R, Sumariwalla PF, et al. The nonpsychoactive cannabis constituent cannabidiol is an oral anti-arthritic therapeutic in murine collagen-induced arthritis. Proc Natl Acad Sci U S A. 2000; 97:9561–9566.
[7] Karmaus PW, Chen W, Kaplan BL, et al. Delta9-tetrahydrocannabinol suppresses cytotoxic T lymphocyte function independent of CB1 and CB2, disrupting early activation events. J Neuroimmune Pharmacol. 2012; 7:843–855.
[8] Kozela E, Juknat A, Gao F, et al. Pathways and gene networks mediating the regulatory effects of cannabidiol, a nonpsychoactive cannabinoid, in autoimmune T cells. J Neuroinflammation. 2016; 13:136.
[9] Wu HY, Chang AC, Wang CC, et al. Cannabidiol induced a contrasting pro-apoptotic effect between freshly isolated and precultured human monocytes. Toxicol Appl Pharmacol. 2010; 246:141–147.
[10] Zgair A, Lee JB, Wong JCM, et al. Oral administration of cannabis with lipids leads to high levels of cannabinoids in the intestinal lymphatic system and prominent immunomodulation. Sci Rep. 2017; 7:14542.